Filme Titanic (1997). Imagem: Reprodução/Divulgação
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Há mais de duas décadas e meia, o filme “Titanic” foi lançado, e desde então ele se tornou um clássico incontornável do cinema. Revisitá-lo hoje nos faz perceber que desde o início ele se projetava como uma obra destinada a ser vista como memória de um outro tempo.

Titanic: uma jornada clássica entre o passado e o presente

O filme de James Cameron, com suas 11 estatuetas no Oscar e avançadas tecnologias audiovisuais, parece mais antigo do que realmente é, evocando a grandiosidade dos clássicos românticos do cinema americano.

Um clássico intemporal

Embora tenha sido lançado em um momento em que produções com apelos mais modernos dominavam as bilheterias, “Titanic” se destacou como um desvio curioso na carreira do diretor James Cameron.

Conhecido por seus filmes de ficção científica, como “O Exterminador do Futuro” e “Aliens”, Cameron apostou em um projeto que combinava tecnologia de ponta com um drama de época centrado no amor proibido de um casal.

O filme transcendia as fronteiras entre homem e máquina ao explorar a relação humana com a tecnologia, apresentando o navio como um símbolo das invenções humanas fadadas à tragédia.

O cinema de Cameron e sua relação com a tecnologia

A relação entre Cameron e a tecnologia sempre foi um elemento metalinguístico em seu cinema. Suas obras frequentemente exploram a interação entre homem e máquina, refletindo sobre os conflitos entre humanidade e suas criações tecnológicas.

No entanto, em “Titanic”, o diretor expandiu sua abordagem ao retratar não apenas a relação homem-máquina, mas também a relação entre cinema e tecnologia. O navio em si se torna uma representação do cinema clássico hollywoodiano, repleto de gêneros e emoções que caracterizaram a Era de Ouro dos grandes estúdios.

Filme Titanic (1997). Imagem: Reprodução/Divulgação
Filme Titanic (1997). Imagem: Reprodução/Divulgação

Uma dinâmica tensa: arte versus lucro

“Titanic” incorpora as tensões características do cinema hollywoodiano entre a busca pela arte e a busca pelo lucro. Cameron, como produtor e milionário, tinha interesses comerciais além de suas ambições artísticas.

A produção conquistou a maior bilheteria mundial na época, tornando-se uma manifestação desse equilíbrio tenso entre a busca por emoções grandiosas e a necessidade de sucesso comercial. O filme de Cameron se torna um libelo de classicismo que reflete as preocupações materiais do cinema, ao mesmo tempo em que busca transcender esses interesses comerciais.

A aura do cinema neoclássico

Apesar de sua associação com o cinema clássico, Cameron não é um adepto das formas clássicas como Clint Eastwood ou James Gray. Seu neoclassicismo é um que dialoga com seu público contemporâneo, mantendo-se antenado às linguagens e tecnologias de sua época.

No entanto, “Titanic” consegue capturar a aura das obras primordiais, evocando sentimentos e verdades que transcendem o tempo. Os personagens do filme são representações simbólicas de estados de espírito, encarnando elementos nobres e sombrios da natureza humana.

Em momentos icônicos, como a cena do casal com os braços abertos na proa do navio, o filme convida os espectadores a refletir sobre os valores que compõem a essência humana.

Filme Titanic (1997). Imagem: Reprodução/Divulgação
Filme Titanic (1997). Imagem: Reprodução/Divulgação

Um filme sobre memórias?

A consciência de Cameron sobre o movimento de construção de memória é evidente em “Titanic”. O filme recria a história não em busca de exatidão, mas para explorar os sentimentos primordiais que encontramos no passado e que moldam nossa compreensão do presente.

Dessa forma, nós, como espectadores, desvendamos uma estrutura narrativa neoclássica em busca de reflexos de sentimentos e ideais que moldam nosso entendimento do tempo. Com suas cenas marcantes e envolventes, “Titanic” é um clássico por diversas razões.

Certamente, “Titanic” continua a ser um marco no cinema, mantendo-se relevante mesmo após mais de duas décadas de seu lançamento. A habilidade de James Cameron em unir tecnologia de ponta com uma história de amor proibido resultou em um filme que transcende os limites do tempo.

Ao navegar entre a relação humana com a tecnologia e a busca por sentimentos e verdades universalmente humanas, “Titanic” se torna uma jornada clássica entre o passado e o presente, reafirmando seu status como um verdadeiro clássico do cinema.


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